segunda-feira, 13 de junho de 2011

Papo ou História?! (I)

(Ou, como se dizia antigamente, “Nas Ondas do Rádio”)

Faz pouco mais de um mês que estreou na Fm Aldeia uma série de interprogramas sobre a historia acreana. Durante este tempo recebi, com satisfação, muitos e variados comentários e observações. Nada mais justo, portanto, que esta coluna conte um pouco desta história enquanto ela ainda está em pleno curso.


Nestes tempos de internet e mundos virtuais confesso que sempre cultivei o desejo de fazer alguma coisa no rádio. Sem nem mesmo saber exatamente o que. Afinal, são muitas as histórias sobre a rádio no Acre. Desde a antiga e evidente importância (recheada de impressionante atualidade) do programa de mensagens da Rádio Difusora Acreana, até a imensa saudade que muitos sentem da antiga rádio-novela “O egípcio”, que marcou a vida de tantos acreanos. Mas, uma oportunidade concreta nunca havia aparecido de fato. Até que, numa confluência inesperada, a coisa aconteceu, coletivamente, como sempre acontece comigo, a partir de uma conversa com Aarão Prado e Alexandre Nunes.

Minha proposta básica era contar histórias diversas do Acre no rádio, mas de forma leve e estimulante, sem aquele tom maçante que muitas vezes reveste o ensino formal da história. Mas como? Eu só tinha, então, a proposta de um bordão pra concluir todas as histórias, dando certa unidade entre elas. “Eu não tava lá, mas me lembro!” Que era uma maneira de dizer que não é porque uma história aconteceu há muito tempo que não podemos nos lembrar dela como algo vivo e presente.
E coube ao Aarão encontrar a resposta: “Vamos fazer uma conversa sobre causos e histórias. Eu pergunto e você responde, que acha? Ai eu fiquei mais preocupado ainda. “Mas, Aarão, as histórias tem que ficar curtas, porque senão ninguém agüenta ouvir. Só se, depois de gravar, a gente editar as gravações pra tirar os gaguejos, diminuir os intervalos da fala e assim por diante.” Ao que o Alexandre retrucou: “Que nada. De repente a gente nem precisa editar pra ficar o mais natural possível, acho boa idéia esse formato de conversa, vamos testar pra ver como é que fica”. Confesso que comecei a gravação, assim, meio desconfiado. Mas, rapidamente, gravamos mais de dez histórias. É importante ressaltar que o Aarão é muito criativo e bom de improviso e assim, além das perguntas iniciais, começou a fazer todo tipo de comentário gaiato. O que me deu liberdade pra, algumas vezes, gozar com ele também. Nem preciso dizer que, num instante, a coisa toda virou uma gostosa brincadeira e até o Risley, que estava fazendo a gravação, começou a intervir na escolha das histórias e no rumo delas.




Beleza! Agora já temos mais de vinte e cinco gravações, mas como vamos chamar esse programinha? E novamente foi Aarão que deu a resposta. “Papo ou História”. E antes mesmo que eu pudesse protestar contra o tom excessivamente informal do nome, o Alexandre decidiu. É isso aí! Papo ou História.
Não tinha mais jeito. O tom geral do programa, entre a brincadeira e o sério, estava definido. Mas, depois que o Marcio Blainer gravou a vinheta de abertura e o Risley colocou nela um “BG” musical com um tom quase galhofeiro, eu voltei a ficar muito preocupado. E ainda tentei argumentar. “Ei moçada, com essa abertura parece até que a gente tá fazendo comédia ao invés de estar contando histórias... Isso não vai dar certo.” Nem preciso dizer que meu protesto, a essa altura, não adiantou mais nada.





Assim, quando o programa entrou no ar, eu estava muito apreensivo se ia funcionar ou não. Mas, logo, comecei a gostar da proposta geral. O tom brincalhão da abertura do programa, mais a conversa descontraída e o bordão final, que se repete com pequenas variações, fizeram um bom conjunto. Com uma vantagem adicional totalmente inesperada. Com esse formato, o programa deixa claro que - apesar da história ser algo sério que precisa a ser encarada com responsabilidade, já que mexe com a vida das pessoas que, de uma forma ou de outra, são tocadas por ela – a história não precisa necessariamente ser encarada de forma sisuda ou matéria exclusiva de especialistas, podendo ser tão leve, sem deixar de ser reveladora, quanto uma boa história contada entre amigos na varanda de casa.
Ou seja, se eu fosse dado àqueles jargões clássicos da academia, poderia dizer que: uma das propostas do programa, portanto, é “dessacralizar” a história tradicional - ou oficial, como muitos gostam de chamar - aproximando-a do cotidiano e da normalidade da vida real. Mas, independente de qualquer argumento, não tem mais jeito... nosso “Papo ou História” já está circulando por ai, “nas ondas do rádio”, e só me resta, então, aguardar a opinião das pessoas pra ver o que acontece...

2 comentários:

  1. Se depender da minha opinião, vai ter que gastar muita saliva ainda nas vinhetas...

    Gosto muito das histórias curtinhas... Tipo um aditivo cultural no meio do dia.. muitas vezes no trânsito provocador que teima em aumentar e nos testar a paciência... Uma risada sempre é bem vinda, ainda mais sendo depois de uma boa (em qualidade e apresentação) adição de cultura na nossa bagagem...

    valeu maninho!

    continue por muito tempo o 'papo ou história'!!

    parabéns!

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