sábado, 6 de março de 2010

De corpo e alma

“O mestre disse: A vida conduz o homem responsável por caminhos tortuosos e mutáveis. Muitas vezes o curso é bloqueado, em outras segue desimpedido. Ora pensamentos sublimes vertem-se livremente em palavras, ora o pesado fardo da sabedoria deve fechar-se no silêncio. Mas quando duas pessoas estão unidas no íntimo de seus corações, podem romper até mesmo a resistência do ferro e do bronze. E quando duas pessoas se compreendem plenamente no íntimo de seus corações, suas palavras tornam-se doces e fortes como a flagrância das orquídeas.”
(I Ching, o Livro das Mutações, Pág. 234)

Botija de Histórias
Ali mesmo, onde dizem que mora a cobra grande; onde o rio Acre faz a curva que deu nome à Volta da Empreza; onde, ainda resiste à voragem do tempo, nossa velha Gameleira... emergiu a fé dessa cidade.
Porque, vocês sabem...! Foi mesmo ali, no final do estirão, bem onde o rio faz a volta, que o povo de Rio Branco se reuniu e, em adjunto, construiu uma capela pra Nossa Senhora da Conceição, protetora da pequena Villa Rio Branco...
Bem que tentaram, depois, tira-la de lá... e trouxeram pra cá. Mas o povo veio buscar... de novo. Depois fizeram procissões em barcos e ela passou a ser proclamada como Padroeira de todos os acreanos e, por isso, foi chamada de Nossa Senhora do Acre. Depois surgiu num quadro de origem misteriosa, segurando um ramo de seringa e ficou conhecida como Nossa Senhora da Seringueira. Depois foi vista pelo espírito caboclo dessa gente singela e foi chamada de Rainha da Floresta. Depois teve erguida uma catedral à sua fé e foi chamada Nossa Senhora de Nazaré...
É!!! Não tem jeito mesmo...! Do mesmo jeito que o alto Acre (Xapuri, Epitaciolandia, Brasiléia) é de São Sebastião... Não importa o que façamos... Rio Branco foi e continuará sendo eternamente desse espírito feminino que protege, ilumina e rege este pequeno pedaço da grande floresta.
(trecho de texto inédito, escrito para o aniversário de Rio Branco em 2009)

Janela do tempo
Faz algum tempo me deparei com uma inusitada história que de imediato me provocou intenso fascínio. Desde então essa história se esconde dentro de mim, ressurgindo aqui e acolá. Pena que foi tão pouco o material que obtive até aqui que ainda não foi possível contar essa história decentemente. Mas um dia eu chego lá.
Entretanto, mesmo que com poucas informações, a história da misteriosa Mariana, a apóstata que liderou índios no rio Beni e fundou a cidade de Vila Bela (que está lá até hoje, na Bolívia) é, no mínimo, reveladora do fato que as mulheres não foram personagens secundários de nossa história como, às vezes, quer nos fazer crer a historiografia tradicional

“El dia 21 nos encaminamos em busca de los bárbaros que habitan or allí y a la media légua nos encontramos com uma mujer blanca apóstata (que renuncio a la religión Cristiana), llamada Mariana que gozava de gran reputación entre los bárbaros a los que dominaba, estaba acompañada por su padre y su marido y uma hermana. La rodeaban 8 hombres, 3 mujeres y quatro muchachos de ambos sexos, entre los que había uma preciosa rubia de ojos azules. A Mariana lê regale uma camisa, um traje y uma manta, así como um collar y aretes, a los hombres lês di cuchillos, anzuelos, machetes, collares, medallas, etc. Lê propuse a Mariana formar um pueblo em la confluencia del rio Beni com el Mamoré y convenieron gustosos.”
(Trecho de relato do engenheiro José Agustín Palácios que, em 1843, por ordens do Presidente Boliviano José Ballivian percorreu a região do rio Beni, próxima à atual fronteira sul do Acre. Citado por Hernan Messutti Ribera, em “La historia de los Llanos Bolivianos”)

Como se pode facilmente perceber este blog está em processo de lenta construção... Estou apanhando muito... como sempre... mas um dia eu aprendo... espero.