segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Na carreira...

Nesta semana estamos reabrindo os trabalhos anuais da coluna Miolo de Pote. E, mesmo sabendo que fazer esse tipo de coisa não é lá muito comum, quero, já no primeiro artigo do ano, confessar de público um dos meus mais antigos e arraigados vícios: corridas de Fórmula 1.


Abrindo o verbo

Parece que foi ontem, mas o tempo passa cada vez mais ligeiro e avexado. Assim estamos iniciando hoje o quinto ano da coluna Miolo de Pote. Uma coluna semanal que não tem nenhum compromisso estrito com temas ou formatos. Apenas a vã tentativa de, a cada ano, encontrar novos caminhos para manter alguma motivação para esse que vos escreve e para quem, por ventura, venha a ler os, normalmente, muito longos artigos desta coluna.
E, talvez seja bom ressaltar já neste ponto, que desde o ano passado tenho procurado atender à solicitações e sugestões de leitores enviadas através de e-mail, da área de comentários do jornal, ou, ainda, através do blog-espelho da coluna (colunamiolodepote.blogspot.com). O que pretendo continuar fazendo esse ano.
A idéia inicial é continuar trazendo para cá textos sobre aspectos diversos da história e da cultura acreana, arqueologia, questões indígenas e amazônicas, etc. Novidade mesmo, pelo menos por enquanto, é a nova “arte” da coluna, generosamente criada e doada por Ulisses Lima, grande parceiro que pode ser encontrado no blog da Confraria dos Últimos Românticos (confrur.blogspot.com).
Além disso, estou propondo ter uma pequena coluneta sobre Fórmula 1, sem periodicidade definida, agregada à coluna. Uma vez que conheço alguns poucos, mas bons, viciados como eu, que não tem nenhum espaço nos jornais locais pra poder jogar conversa fora. Ou, dito de outra forma, conversar “miolo de pote” sobre esse esporte completamente irrelevante do ponto de vista social, mas imensamente fascinante no que diz respeito à necessidade humana de desafiar continuamente seus próprios limites físicos, tecnológicos, etc...
E, já de saída, convido a todos aqueles que gostam de corridas a enviar artigos, comentários ou críticas que poderão ser aqui publicados na medida do possível.
Por isso esse primeiro artigo é dedicado às ultimas novidades da temporada 2011 da fórmula 1. Imagino que com isso, estarei decepcionando alguns dos leitores usuais da coluna, aos quais peço desculpas, mas, vícios são vícios, e costumam ter razões que a própria razão desconhece.


Carreras son Carreras

É triste, mas é verdade. Sou totalmente viciado em Fórmula 1. A ponto de dar nó em pingo d’água pra não perder uma corrida, ou ficar acordado a madrugada inteira só pra assistir os treinos de classificação que antecedem as corridas, afinal de contas, na atual Fórmula 1, usualmente são os treinos que definem quem vai vencer a corrida.
Na verdade, esse é um vicio antigo... Começou há muito com Fittipaldi e se estendeu pelos últimos trinta anos de minha vida. Mas sobre o vício em si e as motivações que me levam a não ingressar no VCA (viciados em corridas anônimos), conversaremos outro dia. Hoje não resisti à tentação de dar meus palpites sobre a temporada que apenas iniciou seus trabalhos, nesta semana, em Valência.
Começando pelo lançamento, ocorrido ontem, do novo modelo da Mclaren. Foi com grande surpresa, que li a declaração de Jenson Button de que o estranhíssimo carro desse ano foi feito sob medida para o seu estilo de pilotagem. Será que Jenson está dizendo que a Mclaren dará prioridade a ele ao invés de Hamilton - que, sabidamente, sempre foi o queridinho da equipe de Wocking a ponto de obrigar o mimado Fernando Alonso a ter que sair da equipe inglesa, para um ano quase sabático na sofrível Renault, enquanto esperava uma vaga pra correr na Ferrari?
Porque, ou eu sou muito burro, ou está subentendido que se a Mclaren priorizou o estilo de Button, o fez em detrimento do estilo bem mais agressivo de Hamilton. E se assim foi feito, porque Hamilton até aqui não falou nada sobre esse improvável favorecimento de Button no projeto do novo carro? Prefiro achar que isso é conversa fiada do Button e o novo carro será muito mais eficiente para o estilo de Hamilton do que o contrário, quem viver verá...
Aliás, esse tem sido um dos principais argumentos para o discurso pré-temporada de vários pilotos. Começando pelo heptacampeão Schumacher, cujo retorno foi uma das maiores decepções do ano passado. Enquanto todo mundo esperava que ele fosse rivalizar com Vettel, Alonso, Hamilton, Kubica, etc. se limitou a comer poeira de seu jovem companheiro de equipe Niko Rosberg. E, é claro, a culpa pelo desempenho pífio de Schumacher foi atribuída ao carro, que não favorecia o “estilo” de pilotagem do alemão. Da mesma forma que a culpa pelos pobres resultados de Felipe Massa foram dos pneus que não favoreciam o “estilo” do brasileiro.


E como se essa fosse a fórmula mágica da nova Fórmula 1 (repaginada por uma série de mudanças no regulamento) muitos foram os pilotos que - justificando suas fracas atuações na temporada passada ou plantando novas e grandes expectativas para a atual temporada - fizeram suas análises baseados na relação entre as características dos carros, seus pneus, especificações de certos componentes (como o renascido Kers), e seus “estilos” de pilotagem. Acho engraçado porque não me lembro de Piquet, Prost, Senna, Mansell e tantos outros mitos do automobilismo, justificando seus fracassos em razão de uma pretensa incompatibilidade entre modelo do carro e seu “estilo” de pilotagem. Ainda assim alguém pode argumentar que era outra Fórmula 1 e os tempos são outros. Mas é assim mesmo, na pré-temporada todos os argumentos são válidos e incontestáveis.
E, pra finalizar esta coluna de reestréia, não posso deixar de falar da apresentação de quase todos os novos carros de 2011. Como primeiras impressões gerais (já que dos testes de Valência em si é quase impossível tirar qualquer conclusão porque ninguém sabe qual programa foi executado por cada equipe e/ou piloto) posso, ao menos, observar que: a Ferrari, de novo teve medo de inovar em qualquer coisa e continuou sendo conservadora como no ano passado, o que fez com que só passasse a disputar vitórias a partir da segunda metade da temporada com a evolução do modelo; a Williams é a equipe com o carro mais bonito (com sua pintura retro), já que a nova Lotus Renault nem de longe lembra a mitológica lótus preta guiada por Fittipaldi e Senna e acabou ficando meio brega e exagerada; a Redbull parece bem na fita ao lançar um carro que é uma evolução do vitorioso carro do ano passado; mas a surpresa do ano, pelo menos até aqui, é mesmo o novo carro da Mclaren que ainda não foi pra pista, mas já foi revelado ao publico causando espanto geral por suas formas inovadoras, que eu, particularmente, achei muito do seu feio... ao contrário de boa parte da crônica especializada que está se derramando em elogios à ousadia dos ingleses e à beleza do novo carro (argh!!), eu só quero é ver se essa joça anda mesmo.. Vamos esperar... Afinal, como já dizia o lendário Juan Manuel Fangio: “Carreras, son carreras, y terminan cuando se baja la bandera de cuadros”.
Mas que a temporada 2011 promete... isso promete. E lá vamos nós, madrugada a dentro, de novo...





Um comentário:

  1. Não sei, mas esses carros são maneiros... rsrs

    E me diz uma coisa: ainda dará o prazer de sua presença em nossas reuniões da CT Ayahuasca??
    Ainda não reunimos esse ano... já notória sua ausência meu querido!!

    há-braços!

    Thiago.

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